A Fascinante Conexão entre Cérebro, Arte e Arquitetura: Explorando a Neuroestética
- luaradesigndeinter
- 24 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Provavelmente você já ouviu falar em Neuroarquitetura, mas você conhece a Neuroestética?
A Neuroestética é uma ciência que nos ajuda a entender as bases neurais da percepção estética e qual o papel das nossas emoções e da nossa cognição durante a apreciação estética.
Existem três teorias principais na Neuroestética, veja abaixo:
A teoria objetivista que diz que a beleza é uma propriedade intrínseca do objeto. Essa teoria remonta desde os tempos da Grécia Antiga com as ideias de Platão e Sócrates.
A teoria subjetivista que diz que a beleza está nos olhos de quem vê, ou seja, ela é subjetiva e relativa ao indivíduo. Ela também tem suas raízes na Grécia Antiga, com as ideias dos Sofistas.
Finalmente, temos a teoria interacionista que é uma mistura das duas e diz que a beleza depende tanto das propriedades do objeto quanto dos processos cognitivos e emocionais de quem contempla.
Atualmente, existem evidências científicas para as três teorias, ou seja, todas elas fazem sentido em situações e circunstâncias específicas. Em relação à teoria subjetivista, por exemplo, as pesquisas mostram que o estado emocional do indivíduo no momento em que ele contempla o objeto pode modificar o seu julgamento estético. Ou seja, se eu estiver mais feliz no dia, pode ser que eu veja mais coisas belas, mas se eu estiver triste... Essas mesmas coisas podem não parecer tão belas assim.
Já outras pesquisas mostram que a simetria, algumas formas orgânicas e a proporção áurea em obras de arte estão relacionadas a uma maior preferência estética. Nesse caso, teríamos a teoria objetivista exercendo um papel preponderante. (1)
Um outro resultado muito interessante sugere que existe uma maior preferência estética quando o indivíduo sabe que a obra veio de uma galeria de arte. Já quando o indivíduo toma conhecimento de que a obra foi gerada por computador, essa preferência estética diminui.
Por isso que muitos dizem que uma obra dentro da galeria de arte vale muito mais do que no estúdio do artista. Nesse caso, entra o papel do contexto sócio-histórico no julgamento estético.
No caso específico da Neuroarquitetura, o arquiteto ou designer de interiores tem como objetivo ideal gerar no usuário do espaço um estado contemplativo. A arquitetura também pode ser uma obra de arte! De acordo com Zakaria Djebbar da Universidade de Aalborg na Dinamarca, esse estado contemplativo da apreciação estética é similar ao estado meditativo, o mindfulness. (2)
Pesquisas científicas sobre o estado meditativo demonstraram que ele melhora as performances cognitivas e emocionais, melhora o sistema imune, reduz o estresse, melhora a motivação e sintomas de depressão (3)
Ainda, de acordo com o arquiteto suíço
“A arquitetura é uma arte espacial, como muitos dizem. Contudo, ela é também uma arte temporal. Minha experiência do ambiente arquitetônico não se limita a um segundo”.
As teorias citadas acima sobre a neuroestética nos fazem refletir sobre qual é a melhor forma de projetar. Ou seja, eu posso projetar pensando nas propriedades clássicas (proporção áurea, simetra e formas orgânicas), mas também posso projetar pensando no gosto coletivo da maioria. Algumas pesquisas mostram, por exemplo, uma maior preferência estética por arquitetura curvilínea em relação à retilínea (4)
Mas eu posso projetar, também, enfatizando a minha relação com a obra, pensando nas minhas experiências emocionais, pessoais e cognitivas.
Deixo aqui a questão para vocês responderem: como criar projetos, interiores e edifícios que nos fazem bem? Qual seria a sua abordagem?
Referências:
1. Balinisteanu, Tudor, e Kerry Priest, orgs. Neuroaesthetics: A Methods-Based Introduction. Cham: Springer International Publishing, 2024. https://doi.org/10.1007/978-3-031-42323-9.
2. Djebbara, Zakaria, Juliet King, Amir Ebadi, Yoshio Nakamura, e Julio Bermudez. “Contemplative Neuroaesthetics and Architecture: A Sensorimotor Exploration”. Frontiers of Architectural Research 13, nº 1 (fevereiro de 2024): 97–111. https://doi.org/10.1016/j.foar.2023.10.005.
3. Sumantry, D., Stewart, K.E., 2021. Meditation, mindfulness, and attention: a meta-analysis. Mindfulness 12, 1332e1349. https: //doi.org/10.1007/s12671-021-01593-w.)
4. Vartanian Oshin, Gorka Navarrete, Anjan Chatterjee, Lars Brorson Fich, Jose Luis Gonzalez-Mora, Helmut Leder, Cristián Modroño, Marcos Nadal, Nicolai Rostrup, e Martin Skov. “Architectural Design and the Brain: Effects of Ceiling Height and Perceived Enclosure on Beauty Judgments and Approach-Avoidance Decisions”. Journal of Environmental Psychology 41 (março de 2015): 10–18. https://doi.org/10.1016/j.jenvp.2014.11.006) .



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